13 de dez. de 2017

“Se eu fosse Iracema fustiga de tal forma nossa adormecida consciência que, após assistir ao espetáculo, certamente todos os espectadores passarão a olhar a questão indígena com outros olhos”, Lionel Fischer.

“SE EU FOSSE IRACEMA” FAZ CURTA TEMPORADA
NO CENTRO CULTURAL DA JUSTIÇA FEDERAL DE 30/11 A 21/12


Interpretado por Adassa Martins, monólogo do 1COMUM Coletivo volta aos palcos do Rio de Janeiro as quartas e quintas às 19h
Espetáculo inspirado em carta escrita pelos guarani e kaiowá aborda mitos, rituais e a situação indígena no Brasil.

o Contemplado pelos prêmios Shell, APTR e Cesgranrio de melhor figurino (Luiza Fardin) o Indicado ao Shell, APCA e APTR na categoria atriz (Adassa Martins)
o Indicado ao APTR na categoria autor (Fernando Marques)

“O tripé composto de atuação, dramaturgia e direção sustenta uma teatralidade notável”, Valmir Santos – Folha de São Paulo.

“Se eu fosse Iracema fustiga de tal forma nossa adormecida consciência que, após assistir ao espetáculo, certamente todos os espectadores passarão a olhar a questão indígena com outros olhos”, Lionel Fischer.

"Um impulso ético e transformador embala algumas das melhores criações das últimas temporadas e Se Eu Fosse Iracema se une a essa boa safra", Maria Eugênia de Menezes – Estado de São Paulo.

Depois de temporadas bem-sucedidas no Sesc Tijuca, no Sérgio Porto e no Sesc Ipiranga (SP), além de circular por várias cidades e festivais brasileiros, “Se eu fosse Iracema” volta à cidade para curta temporada no Centro Cultural da Justiça Federal de 30 de novembro a 21 de dezembro, as quartas e quintas, às 19h.

O espetáculo surgiu a partir de uma carta escrita em 2012 pelos guarani e kaiowá em que eles pediam que se decretasse sua morte em vez de tirá-los de suas terras. O fato chamou a atenção de Fernando Nicolau e Fernando Marques, diretor e dramaturgo, respectivamente, e ambos começaram uma intensa pesquisa acerca da questão indígena no Brasil. A eles juntou-se a atriz Adassa Martins e os três desenvolveram o primeiro espetáculo do 1COMUM Coletivo, que estreou em abril de 2016. Desde a estreia, o espetáculo tem tido excelente repercussão junto ao público e à crítica. Foi escolhido como melhor figurino pelos Prêmios Shell, APTR e Cesgranrio no ano de 2017, além de indicações para Adassa Martins na categoria atriz no Prêmio Shell, APCA e APTR, e para Fernando Marques na categoria autor no Prêmio APTR.


A peça lança mão de materiais como trechos da Constituição de 1988, falas inspiradas em discursos de ruralistas ou do poder público, mas estrutura-se fundamentalmente em ritos e mitos de passagem ligados às várias fases da vida. “Escolhemos trabalhar o ciclo da vida: a origem do mundo, a infância, a adolescência, a fase adulta na figura da mulher e o ancião, na figura do pajé chegando ao fim do mundo”, explica o diretor. Esse ciclo, no entanto, não é colocado de forma linear e traz referências a etnias diversas. Fernando Marques ressalta que essa variedade “foi fundamental, porque não queríamos falar sobre uma ou outra etnia, mas buscamos um olhar abrangente sobre os povos originários, que são muitos e diversos”.

Entre as referências, estão ainda os trabalhos de autores, artistas, pesquisadores, ativistas e, claro, indígenas, como André D’Elia, Ailton Krenak, Betty Mindlin, Bruce Albert, Daniel Munduruku, Darcy Ribeiro, Davi Kopenawa, Eduardo Viveiros de Castro, José Ribamar Bessa, Manuela Carneiro da Cunha e Raoni Caiapó. Encontros e conversas com estudiosos e lideranças indígenas também fizeram parte do processo.

O espetáculo não tem a intenção de levantar bandeiras, mas de provocar a reflexão sobre um assunto de extrema importância. Adassa Martins ressalta a necessidade “de ecoar essas vozes tão caladas desde 1500. Olhamos tão pouco para os índios, e as questões permanecem as mesmas até hoje”. A atriz conta ainda sobre como desenvolveu uma interlíngua: “Ouvi os pajés e diversos índios falando em documentários e percebi os fonemas mais presentes. A ideia é criar uma fusão do português com uma língua indígena”. Além da interlíngua, há ainda trechos em guarani, traduzidos pelo cineasta indígena Alberto Álvares Guarani.

O figurino de Luiza Fardin, assim como o cenário de Fernando Nicolau, aposta no uso de poucos elementos, mas bastante eloquentes, criando um diálogo com a devastação da natureza, das terras indígenas e do próprio índio. A luz, assinada também por Nicolau, cria ambiências que ressaltam a diversidade de momentos e climas propostos pela dramaturgia e pela direção e que se materializam nos vários tons da atuação de Adassa Martins. A trilha sonora original de João Schmid evidencia transições importantes do espetáculo.


SAIBA MAIS 

FICHA TÉCNICA
Intérprete: Adassa Martins. Dramaturgia: Fernando Marques. Direção: Fernando Nicolau. Iluminação e cenografia: Licurgo Caseira. Figurino e caracterização: Luiza Fardin. Trilha sonora original e desenho de som: João Schmid. Preparação vocal: Ilessi. Direção de arte da comunicação visual e projeto gráfico: Fernando Nicolau. Escultura do busto: Bruno Dante. Fotografia: Imatra. Caracterização das fotos: Luiza Fardin. Assistente de direção: Luca Ayres. Assistente de figurino: Higor Campagnaro.

Cenotécnico: André Salles. Aderecista: Derô Martin. Produção executiva: Clarissa Menezes. Realização e produção: 1COMUM Coletivo. Idealização: Fernando Nicolau e Fernando Marques.

SINOPSE: A peça propõe um olhar sobre o universo indígena brasileiro, transitando entre a tradição a tradição e a sua situação atual. “Se eu fosse Iracema” usa referências que vão de mitos e rituais de várias etnias originárias do país a aspectos como a demarcação de terras e outros direitos fundamentais muitas vezes negligenciados.

SERVIÇO
“SE EU FOSSE IRACEMA”
Temporada: de 30 de novembro a 21 de dezembro - quartas e quintas, às 19h.
Local: Centro Cultural Justiça Federal – Av. Rio Branco 241, Centro. Tel.: 3261-2565
Ingresso: R$ 20 (inteiro) | R$ 10,00 (meia). Bilheteria: das 16h às 19h
Classificação etária: 14 anos. Duração: 60 minutos

Agenda Cultural RJ
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